DISCURSO DE SOCORRO PARA CORA VIEIRA DE FIGUEIREDO OITENTA ANOS

13-09-2011 16:43

 

 

                 OITENTA ANOS DE CORA VIEIRA DE FIGUEIREDO

Socorro de Figueiredo.

 

Estou feliz pôr estar aqui entre parentes e amigos, comemorando os oitenta anos de Cora, que pelo menos conheço e convivo há quase cinqüenta e três anos. É uma viagem que me reporta a pessoas que aqui estão presentes quer  fisicamente ou não . Com ela sempre tive uma relação de carinho muito especial, entre as mulheres que esposaram os Patrícios de Alexandria, pelo fato de como eu ter origens Luisgomenses.

Hoje com a maturidade de que somos possuidoras, as crianças daquele tempo penso sem nenhuma pretensão a  não ser a do amor saudar e agradecer a Cora pelo que ela representa para cada um de nós ao longo desta vida.

 Dizia vovó Regina , conforme recordei hoje com minha irmã Graciete que ¨saudade é pra ser sentida, não se sente falta do não que foi bom ¨  , eu estou com saudades do tempo em convivíamos  sob a proteção e o calor de nossos pais de nove zelosos tios , sei que alguns momentos não foram fáceis, afinal não é brincadeira pertencer  a uma constelação tão singular quanto a dos Patrício, tendo cada uma que contar além do marido ou mulher com nove cunhados (as) nos calcanhares, e tios que entre si requisitavam nossos qualidades, inteligência , etc. e tal como herança genética perfeita, pois os defeitos pertenciam aos que se agregavam ao clã , como Cora Terezita, Socorro, Maria do Carmo, Irene, Chico Justino, Zezinho, Alípio e Vavá .

Busco a casa de cada um deles; casas simples, mas cheias de vida e alegria.  A casa de Cora , sempre  digo pelo menos para mim a mais liberal no   quesito brincadeira, não me lembro de nenhuma proibição nas diversas casas que moraram em Alexandria, cada uma cheia  de encanto para nossa brincadeiras. Uma delas consistia em subir , pelas portas para meia parede dos quartos , de lá para cima do guarda-roupa e deste o pulo fatal para a cama, esconde - esconde , chicote queimado, galinhas que eram embaladas em panos de prato na velha tamarineira . Durante esta farra sem fim estava Cora , cozinhando , costurando, botando uma criança para dormir, enquanto o mundo desabava, cantava uma marcha de carnaval que dizia  ¨se a canoa não virar, olé, olé, olá eu chego lá

Chegou , é uma  mulher vitoriosa , amada pelos seus filhos e netos, também pelos sobrinhos do seu marido que adotou no seu coração como os seus de sangue. Cora mulher simples e valorosa, dentre nós a que mais contabilizou perdas. Não queremos ficar tristes. Neste momento tão belo dos seus oitenta anos , mas como não trazer para aqui nossas lembranças de FAFA que se foi e que permanece na minha memória Mossoroense porque com Cora passou lá na nossa casa do Alto de São Manoel para Natal , em busca de cura para sua doença incurável na época, leucemia. Sueli que se foi dormindo com meses, Chiquinho cuja partida comoveu a nós e a cidade inteira e por último nosso amado Beuzinho, pois bem com tudo Isto e  com TODOS eles estamos aqui , felizes para celebrar a vida , nesta comemoração tão especial e tão cheia de  significado. Ao longo dos anos as mudanças de casa em Alexandria, e depois de um carnaval numa quarta-feira de cinzas, camioneta Ford de Chico Justino atopetada de trouxas ,adolescentes e crianças a partida para Natal.chorávamos copiosamente os familiares e a vizinhança .

 Agora tínhamos um tio na capital, mais uma vez desfrutaríamos sua hospitalidade .

 Sempre havia hóspedes em nossas casas, alguns pulando de uma casa para outra, gente amiga de Alexandria , Tenente Ananias, Luis Gomes, Mossoró, Natal e do Seridó.

 Era sempre uma festa, em Natal, a casa da Mossoró, a da ladeira João da Mata que dava para a casa do estudante , o castelo da Floriano Peixoto , ponto de convergência de todos nós,  lugar de vida , alegria e fofocas familiares, namoros da turma que não era pequena nem fácil  e que se adaptava naturalmente a vida na capital cheios de saúde e juventude .

 Nesta casa compreendi quando voltamos do sepultamento de vovó Nozinha, pelo menos para nós filhos de Seu  Chico e Terezita tão querida e tão  amada quanto vovó Regina ;  pois bem para meu estupor vejo Lelete trocar de roupa, se despedir de Cora e ir para o ATHERNEU. O tempo do luto  mudara. Mais  uma tradição era rompida neste ciclo de vida e morte.

 Cora sai para São Paulo aos sessenta e seis anos acometida de um aneurisma,a companhada de seu filho Joãozinho. Nosso coração ficou uma peinha de nada. Deus permitiu que Cora ficasse boa e, aqui ela está plena e cheia da graças  que é concedida aos justos. Com seu sorriso meio que contido e o seu olhar que transcende esta dimensão , pois nele está expresso o registro do que foi , do que é e do que será. Obrigada Cora pelo que você representa para cada um de nós que tivemos o privilégio e a alegria da sua companhia, grata pôr ter sido um pilar tão sólido para nossa família , os descendentes de Zé Patrício da Palma e Joaquina da Salamandra.

SOCORRINHO.