ZULY
Zuly
Socorro de Figueiredo
Nunca pesei de voltar ao seu bar. Tinha passado por lá no início dos anos oitenta com amigos Vércio e Tushir e a eventual atriz Mira, que hoje acontece em Salvador.
Tinha a mente obnubilada por uma grande perda sentimental.
O cenário interessante me mostrava o que era improvável . No que era possível, retive a lembrança de um lugar efervescente, com uma energia enlouquecida.
Voltei quase vinte anos depois . A compreensão era outra. Não reconheci bem o cenário. Mas me encantou a variedade das pessoas.
Ser de vez em quanto atriz me leva sempre a uma pesquisa permanente de tipos e situações. Encontrei personagens para drama, tragédia e comédia.
Cito, porque não poderia deixar de fazê-lo, alguém que se vestia peculiarmente, com um lindo e enlouquecedor cabelo negro e uma timidez que escondia absoluta naturalidade para a entrega, além de um olhar de conhecimento transcendental. Comovente.
As companhias embora novas na minha vida eram agradáveis. De repente senti que alguma coisa podia desencadeada, a voltagem é altíssima.
O serviço de bar precisa ser agilizado. A ambientação pode ser melhorada, e talvez nada disso seja necessário e tudo esteja perfeito.
A música para. mas as pessoas, elétricas, permanecem no salão. Sobre este barril de dinamite, com uma força insuspeitada , reina Zuly com uma tranqüilidade que , se não aquieta , pelo menos mantém as situações sob controle.
Se nada mais pudesse ser percebido, já seria encantador vê-la sobre tudo e todos os recantos do seu bar.
1999. Natal.